Madrid, Sevilha e Barcelona – Espanha

Madrid, Sevilha e Barcelona – Espanha 2010.
Reflexões e Histórico
Já parou para refletir quando foi a primeira vez que você pensou em viagens, ou qual a lembrança que você tem a respeito do assunto?
Pois é, estou em uma e comecei uma reflexão sobre elas.
Pensei que a primeira imagem que me lembro sobre viagens e que me faz querer viajar sempre é a de algumas malas cheias de adesivos.
Na lembrança estamos em duas famílias, eu devia ter uns oito ou nove anos de idade, íamos para o sul do Brasil e para a Argentina, tudo isso de carro, não me recordo bem, mas era um DKW azul claro do meu pai e um Aero Willys azul e branco da família amiga que ia conosco.
Que farra, as crianças com as mesmas idades!
Naquela época o marketing dos hotéis era colocar um enorme adesivo em sua mala logo na chegada do Hotel, e claro, a nossa maior alegria era colecionar estes adesivos.
Minha mãe, perfeccionista e impecável como sempre foi e ainda é, cuidava de seu jogo de malas de couro marrom, e era um estresse cada vez que um carregador ia gentilmente colocá-las no porta malas ou levá-las ao apartamento, ela sempre o acompanhava com mil recomendações.

Mas a cena que ficou mesmo em minha memória foi a de nossas mães (a minha e a da outra família) sentadas em cima destas malas, supervalorizadas pelos tais adesivos, e rindo muito da quantidade deles!
Esta cena para mim é inesquecível, coisa boba, né! Mas ficou.

07 a 09
Madrid
Estive em Madrid pela última vez em 2003.
Ela estava suja, pichada, e foi um choque para nós, pois havíamos saído de uma estada maravilhosa em Paris. Eu e meu filho ficamos um pouco decepcionados, apesar de sempre aproveitar o que tem de bom.
Quando saí falei: “Madrid precisa de um banho”.
Voltamos agora em 2010 eu e meu Marido, qual foi a surpresa? Madrid tomou banho! Está linda, iluminada, reformada e limpa, maravilhosa!
Percebi, e suponho que seja por conta da crise, que houve um estímulo do governo em obras nos monumentos e prédios tombados, tudo está em reforma; esta é sempre uma boa forma de melhorar a economia: atrair TURISTAS.
Um taxista disse-nos que o setor mais atingido pela crise é o da construção civil, mas como vi muitas obras, não foi essa a impressão que tive.
Fiquei chocada com o aeroporto de a 12 km do centro da cidade, o quarto maior da Europa, projetados pelos Arquitetos Marqués de Los Àlamos e Luiz Gutiuérez Soto , uma obra de arte feita em Bambu, preste atenção nesta obra , vale a pena .

   

Estivemos no maravilhoso museu do Prado.
Jantamos a primeira noite no restaurante Chaffon.
Para encerrar os dois dias em Madrid, fomos à Puerta Del Sol, e ao Bairro de La Latina, incrivelmente movimentado.
Percebi um grande valor familiar, pois havia muitas famílias jantando, conversando, e muitos pais saindo abraçados com os filhos.

Depois de um voo com uma turbulência sem fim, chegamos a Sevilla. Pegamos nosso carro, uma Mercedes 250, e fomos direto ao destino, um apartamento da Interval em Matalascanãs de frente para o mar.
Diante de todas as dificuldades da Interval, poder ter um apartamento com cozinha e conforto é ótimo. É como se tivéssemos um apartamento em cada local do mundo, nos sentimos livres; podemos comprar nossos vinhos e tomá-los quando e como quisermos, com total conforto.

O problema de lá é que estávamos a mais 100 km de qualquer local, e apesar das estradas serem ótimas íamos partir no dia seguinte para nos instalar nos locais que visitaríamos.
Acordamos depois de uma noite mal dormida em função dos acontecimentos do Brasil, meus filhos bateram o carro a caminho de um show, isto realmente aborrece, principalmente tendo que resolver tudo do outro lado do mundo.
Saímos direto para Huelva e fomos parando nos vilarejos que existiam.

Esta região está dentro do Parque Nacional de Doñana, com 750 milhões de quilômetros de pântanos, uma paisagem sempre igual com pinheiros-manso, dunas, uma fauna superprotegida e muito vasta.
O local nunca foi apropriado para nenhum cultivo e agora não é sequer para a ocupação humana.
Huelva, após os terremotos de 1755, passou a ser um porto e uma rica cidade industrial, porém era domingo e a cidade estava toda fechada, a ponto de não encontrar nem um bar para tomar uma água ou ir ao banheiro, e, além disso, havia muita fuma ça e muita poluição.
O fato histórico marcante é a partida de Colombo, e uma estátua não muito significativa.
Saímos e passamos por um vilarejo chamado San Juan Del Porto, onde havia somente a igreja e acredito que toda a cidade estava reunida ali. Perguntei a uma mocinha o que havia para se ver, ela olhou-me como quem pensa “Para se ver aqui? Nada!”, perguntei “E a igreja?”, “É, pode ver”, foi o que ela me respondeu pode ver”, foi o que ela me respondeu.

   

As igrejas desta região são realmente bonitas, simples, brancas, e somente os altares são dourados e luxuosos.
Já estávamos achando que não havia nada para ser visto e partimos para El Rocío. Aí sim valeu a pena, é um vilarejo onde a Santa Virgem apareceu e onde até hoje se realizam milagres de cura. Todas as casas são branquinhas, com arquitetura colonial espanhola e moura e sem asfalto, as charretes e os belos cavalos e cavaleiros andaluzes passeiam, todas as casas são preparadas para as paradas dos cavalos e tudo está voltado para este esporte; as lojas que vendem os trajes completos para as cavalgadas, os arreios, as botas, tudo lindamente típico.

 

Passamos a tarde passeando por lá, almoçamos e percebemos a alegria do espanhol, que fala alto, canta, cutuca um ao outro, as crianças que correm pra lá e para cá, uma festa.

   

Voltamos para casa e fomos saborear um bacalhau que comprei e preparei com azeite espanhol.
Levantamos às 9h e saímos em direção à Sevilla, dormi durante a viagem, pois o sono que tenho sentido é algo inacreditável, mas acordei a tempo, em frente ao vilarejo de Carmona, em cima de uma colina próxima da cidade de Sevilla.

 

Com muito diálogo e cuidado o Wilson concordou em entrar, e foi a melhor coisa que fizemos! A cidade é linda, em uma única praça cada casa tem um tipo de arquitetura.
Paramos em um lugar chamado Parador de Carmona, que deu vontade de ficar, a arquitetura moura com a mistura espanhola, no alto da colina, é magnífica, caso você faça este roteiro reserve um tempo, vale ficar dois dias para curtir.
Chegamos a Sevilla, com GPS tudo fica fácil.

Coloquei o endereço de um hotel que estava indicado no livro Guia da Louis Vuitton, casa 7, e conforme esperado, não havia lugar, era pequeno. Entrei e o local tinha um clima intimista, chic, nada muito à moda espanhola, um chic elegante mas com intimismo total.
Buscamos outro do mesmo guia, a Casa de Judiaria, as ruas de lá são tão estreitas que a impressão que temos é que vamos bater e não vamos conseguir passar, mas tudo dá certo com muita calma, coisa difícil para o meu marido aflito e impaciente, querendo parar no primeiro local que vê.

Paramos o carro em um estacionamento de taxis e fui verificar a reserva que já havia feito por telefone, estava tudo em ordem; pedi para ver o quarto e o “Michelangelo” levou-me, a princípio a um apartamento muito pequeno, pedi para mudar e consegui, por ser hoteleira, um enorme e bem posto.

Era interessante chegar ao apartamento: como eles foram comprando várias casas, foram fazendo túneis e corredores “labirínticos”, o que tornava tudo muito engraçado, as pessoas vão ficando perdidas e tudo fica muito alegre.
Eu não sei chegar ao nosso quarto até hoje!
Jantamos no hotel. Era um restaurante chic e muito bom, mas é necessário fazer reservas, pois há três mesas apenas. A comida estava maravilhosa e o vinho idem.
Na manhã seguinte era feriado na Espanha, como no Brasil, dia dois de outubro de 2010, estava tudo fechado, então fomos para o centro e lá tivemos uma agradável surpresa: o centro histórico é riquíssimo e a igreja é maravilhosa! Tanto quanto as de Roma, aqui com Velásquez e Murilo e lá com Rafael e Michelangelo.

Passamos algumas horas apreciando aquela maravilha, depois fomos ao hospital…
Onde há um museu muito bem apresentado com obras de Velásquez e Murillo.
Sentamos para almoçar no restaurante” Modesto” indicado pelo mesmo guia Louis Vuitton, e como todos os espanhóis fazem a sesta, tudo fechava das 14h às 17h30min, mesmo que se queira não dá para comprar nada, a única coisa que se faz nesse horário é dormir, uma delícia que propicia a saída noturna a partir das 21h.
Apesar de estarmos sem fome fomos ao restaurante La Albahaca, também indicado pelo guia.
Todos ótimos.
Nota-se que no verão e no outono as refeições são oferecidas nos pátios e nas calçadas, assim os restaurantes não disponibilizam suas salas internas, mas o clima estava maravilhoso e a arquitetura, os lampiões, os laranjais e as praças ajudaram com este cenário.
Nota-se também a extrema falta de serviço e gentilezas tanto nos restaurantes como nas lojas. Muitas vezes é irritante.
Percebemos que são poucos os restaurantes finos, pois fomos a várias indicações e em todos a comida é muito bem feita e especial, porém são locais tradicionais que conservam as mesmas características de 100 anos atrás.
No dia seguinte fomos ao Palácio de Alcázar, que possui hoje algumas alas com pequenos apartamentos que conserva as características mudéjares.
Fiquei encantada e ficamos por lá várias horas.

Saindo fomos a outra indicação do guia, o restaurante “Robles”, onde comemos tapas, que são porções pequenas, deliciosas.
Como tudo fecha cedo a saída foi voltar para o hotel e descansar até a noite, para o jantar que sempre é após as 22h.
À noite fomos jantar no restaurante “Enrique Becerra”, achamos que seria algo muito fino, mas não, havia muita gente na frente, em pé, como de costume, comendo tapas, bebendo e conversando muito alto. Pedimos para sentar e nos levaram a uma pequena sala ao lado, onde havia apenas cinco mesas; o cardápio era muito vasto, o serviço deixou a desejar mas a comida era ótima.

Tomamos os vinhos da Ribeira do Douro, que foram os que mais gostei e os da Rioja, que achei muito fortes, e de sobremesa comemos umas tortilhas de marshmallow e doce de leite que estava uma delícia.
Na manhã seguinte, nosso último dia em Sevilla, acordamos e fomos direto ao Museu Bellas Artes, e foi maravilhoso, inclusive pela forma da exposição com uma ordem cronológica perfeita, difícil de encontrar. Da época medieval até o século XX.

Havia uma enorme sala de Murillo, e alguns Velázquez e Las Vargas.
De lá fomos até a praça dos toureiros, que não gostei muito porque não entendo como alguém pode ser tão feroz e ter um ego tão forte a ponto de publicamente matar um animal e ferir outros, muitas vez até a si mesmo, e o gosto de outros milhões torcendo e assistindo à crueldade, ação tão medieval.

Saímos de lá e fomos almoçar no restaurante Cairo, outra sugestão do guia, o restaurante era tradicional e a comida maravilhosa, o serviço um pouco melhor, mas mesmo assim deixa sempre a desejar.
De lá o Wilson foi para o hotel e eu fui ao El Corte Inglés,Loja de departamento, aproveitei para passear pela cidade e ver o movimento que ainda não havia visto e sentido.
Não achei nada para comprar e andei a pé até chegar cansada ao hotel.
Arrumamos as malas e nos preparamos para Barcelona.
Barcelona.
Saímos às 11h do hotel e em 40 minutos estávamos no arerorporto, pois tudo é muito perto.
O vôo da Ibéria, sem serviço, foi tranquilo. Chegamos na hora marcada, nosso traslado estava esperando e fomos para o Hotel “Casa Fuster, um charme, é um pequeno hotel com 150 apartamentos, ele integra o The Leading Hotels of the World.
Recomendo o Hotel em todos os sentidos , decoração , charme, atendimento, localização e pequeno intimista.

Muito bem localizado, exatamente onde estão as melhores lojas de Barcelona.
O fato é que não havíamos almoçado e me entusiasmei em finalizar coisas que estavam para ser feitas pela internet, e fomos tomando um whisky aqui, outro ali…
Então saímos para jantar, fomos para ao restaurante” La dona”, na transversal, indicado pelo hotel. Era uma casa modernista e uma cozinha imbatível, maravilhoso, tomamos um vinho delicioso. Voltamos para casa à 1h da madrugada, horário normal para os espanhóis que dormem durante a tarde, jantam tarde e curtem a noite.
Na manhã seguinte eu estava podre, com dores de cabeça e uma bela ressaca, mas mesmo assim fomos para o Bairro Gótico. Tentamos entrar no Museu do Picasso, mas graças a Deus não conseguimos (digo isto porque entrar em um Museu de ressaca…), encontramos por acaso o pequeno museu do Dalí e acabamos entrando, e foi outra surpresa, pois já havíamos visto as obras de Dalí em óleo em Saint Petersburg, mas aquarelas, desenhos e esculturas ainda não. E eram lindas.
Tínhamos uma reserva no maravilhoso restaurante do Hotel” Majestic chamado Drolma”, eu nem imaginava que fosse conseguir, mas tudo foi tão perfeito! Pedi uma perna de cabrito que nunca comi igual de tão maravilhosa, tomamos um vinho Sirah da Catalunha, tudo tão bem harmonizado e o serviço foi tão perfeito que fiquei encantada, realmente isto é difícil na Espanha, e paga-se muito caro por isso. Mas valeu cada minuto e cada centavo, podendo vale a pena reservar uns Euros extras, e aproveitar!
Como qualquer espanhol, fomos para o apartamento e dormimos ate às 11h, levantamos e descemos para o bar do hotel que era igualmente maravilhoso. Fico em estado de graça quando vejo a arte plena, e tudo ali era arte, o restaurante decorado nos anos 1900, e mesmo assim tão moderno, tão recente, como se tivesse sido feito hoje, um esplendor!
No dia seguinte fiz o sacrifício de acordar um pouco antes para tentar entrar no Museu do Picasso e assim foi, e realmente valeu a pena. O museu com obras doadas por ele ainda em vida (suas primeiras obras) nos dá a oportunidade de conhecer não somente o artista, mas a personalidade dele, pois lá tinha desenhos feitos em cartas, em papeis escolares, em livros que estava lendo, enfim…

Saímos do Museu e voltamos ao apartamento, pois havíamos combinado com a Gio, filha de amigos de Votuporanga, de almoçarmos juntos.
Fiquei no apartamento terminando os trabalhos do MBA e descemos para o restaurante ao lado do mar, provavelmente onde vamos ficar com nosso veleiro, quando este estiver pronto.
O almoço foi ótimo, rimos, conversamos, mas o prato do Wilson não veio, e gentilmente o garçom deu o relógio que usava para a Gio e não cobrou várias coisas que trouxe para justificar aquele irreparável erro.
Pegamos um taxi e fomos para a” Sagrada Família de Gaudí”, ela estava cheia de guindastes por isso nem foto tirei. Entramos em uma das capelas, assistimos a uma missa e fomos para o hotel, a Gio pegou o micro e foi embora; é sempre bom encontrar amigos longe de nosso país.

Para variar e acompanhar a alegria dos espanhóis, dormimos até as 11h e fomos jantar num restaurante por indicação do Hotel, o” Botafumeiro”, que era maravilhoso, caro, e agora com ótimo serviço, como já disse, somente pagando muito que é que se tem um bom serviço.
Fomos atendidos pelo Jesus Pacheco, a ida ao restaurante já vale a pena somente pelo atendimento que ele dá. O local serve frutos do mar, melão com presunto, e lá tive uma aula sobre a história do “Pata Negra”, tão especial. Ele é de servos que vivem soltos, eles são negros, alimentam-se de frutas e verdes frescos, são abatidos com mais ou menos 150 kg e para obter o maravilhoso Pata Negra, ficam a uma temperatura estável de 15 a 18 graus, de três a cinco anos. A carne se apresenta fresca, saudável e viva. Delicioso, imbatível, inesquecível.
No último dia acordamos às 10h, tomamos café e descemos para tentar comprar uns presentes, acho tão difícil comprar coisas! Não consegui achar nada para a Rafa e para o Tho.
Voltamos ao Hotel.
Nosso carro chegou na hora marcada, e começamos a grande luta nos aeroportos, de Barcelona para Madrid e de Madrid para São Paulo.

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