Saímos às 10 h de Carmelo e em uma hora já chegamos em Sacramento. Estamos tão adiantado que o check-in não estava liberado. Resolvemos sair e almoçar enquanto o quarto ficava pronto.
A cidade, declarada patrimônio pela Unesco, tem sua arquitetura e história na colonização portuguesa e hoje guarda as suas características. Nada mudou neste lugar, tão cobiçado em épocas anteriores. Está estrategicamente localizada em frente ao rio Del Prata, com Argentina numa margem e na outra o Uruguai, local de disputa e acordos entre os dois países. Foi nesta região que Portugal fincou sua bandeira e fez acordo com a Argentina. Por aqui passou e, quem sabe, ainda passa contrabandos de pedras, peles e prata.
Hoje é uma pacata cidade turística, que recebe milhares de argentinos em seus muitos e agradáveis restaurantes em frente ao enorme rio. Estou descobrindo um mundo novo que nunca ouvira falar. Acredito que poucos brasileiros conhecem a região. Trata-se de um turismo tranquilo, de descanso (tudo que eu precisava, depois da correria do Marrocos).
Jantamos na Meson de la Plaza, na praça Manuel Lobo em frente ao farol, uma casa portuguesa totalmente restaurada muito elegante. Na porta, um menu de música informava que tinha música ao vivo Mercedes de Sosa e outros. Entramos. O atendimento é razoável e a música engana. Pedimos uma carne, só que veio torrada, mas o molho estava ótimo. Nos demos mal, desta vez.
Na manhã seguinte saímos e continuamos nossas andanças pela cidade, que incrivelmente tem ruas largas, arborizadas e floridas. Paramos numa boutique de couros e lá ficamos muito tempo. O couro é de alta qualidade e os preços bons e negociáveis, mas o melhor nesta parada foi encontrar o escritor Lucas B. Sanchez, que já escreveu alguns livros e continua escrevendo. Sua história é uma aula: foi seminarista, quando sua escola faliu e todos tiveram, de um momento para o outro, ir a busca de uma vida melhor. Desesperado, pediu ajuda e foi comissário da Avianca, viajou muito e foi em Colônia que encontrou seu porto seguro, hoje li seu livro “Luz Y Sombra” que fala sobre a vida e suas dificuldades. São esses encontros que enriquecem nossas viagens. É ver e poder participar de histórias de vida a cada parada.
De lá, passamos na Casa Grande, que festejava quatro anos de história e um quinteto tocava e esclarecia ao público sobre cada música. O dia neste lugar sem que a gente percebesse. Visitamos um hotel de apenas seis apartamentos (www.charcohotel.com.br) que é uma graça e com atendimento personalizado.
A cada local que visitávamos as histórias se misturavam e se confundiam. Acredito que as pessoas que moram aqui estão por terem descobertos a paz, a amizade e seus portos seguros.
Voltamos para o Radisson, um hotel renomado, mas sem graça. Fizemos uma massagem e ficamos no quarto nos preparando para a viagem a Montevideo logo cedo.
Colônia é um lugar para vir da Argentina e descansar, jogar, namorar e curtir. Eu amei. Uma cidade portuguesa, com certeza.
Adorei o Uruguai.