Casamento napolitano

É sempre uma experiência nova e interessante participar de um evento em nosso país, sempre aprendemos ou vemos algo que faz crescer. Agora imagina um evento tradicional como casamento em outro país. Desta vez foi na Itália, em El Greco, ao lado de Napoli, em frente à costa Amalfitana.

Eu e meu marido, Wilson, recebemos o convite em abril e, imediatamente, compramos nossas passagens. Aproveitamos uma promoção na qual se comprava uma passagem e ganhava 30% de desconto na outra. Maravilha.
Iniciamos a viagem em Roma, onde já estivemos cinco vezes e, em cada uma, sempre existiu algo para conhecer e visitar. Ficamos dois dias no Hotel Magestic, da Rede The Leading Hotels,que nos garante boa qualidade. Como estava no verão, o café da manhã foi servido no terraço e isso já nos conduzia a uma nova experiência.

Dividimos os dias em: matar a saudade dos passeios a pé na cidade que é um cenário pronto a cada olhar; e visitar o Museu de Arte Moderna, um museu pequeno, mas muito interessante e importante. Nesse último local me delicie com uma mãe acompanhada da baba e de cinco filhos. Ela contava as histórias para as crianças em francês, italiano e inglês. Admirável, todos curtiam e entre uma arte e outra as crianças curtiam as obras e faziam algum comentário.

Fizemos um almoço rápido na Via Veneto,no Caffe Venetto,(Via Vittorino Veneto n 118)escolhemos o local porque oferecia internet, em frente a uma loja de roupas infantis,que infelizmente não lembro o nome , mas é fácil encontrar, afinal é bem em frente ao café, onde compramos peças para nossa netinha. A loja é infantil, mas vai aqui uma dica: as pessoas pequenas e magras podem encontrar roupas, pois toda a coleção é de grife, com preços também pequenos. Tendo sorte de encontrar promoções, você vai fazer seu guarda roupas. Passei essa dica a um amigo e ele me agradece toda hora que me vê.
Após o almoço, fomos ao Museu Bougese, também pequeno. Para visitá-lo é necessário agendar, pois fazem grupos de três em três horas, mas vale a pena já que possui esculturas de Bellini, quadros de Caravagio e Rafael e toda a mobília feita em 1700 sob mármore e os afrescos do teto. É um passeio imperdível.
Descansamos um pouco e aceitamos o convite do pai da noiva, para um jantar. Fomos a pé, pois estavam no HASSLER ROMA
Piazza Trinità dei Monti
, 600187, Rome, Italy, em frente a Piazza Di Spagna onde ficamos na última vez, em fevereiro deste ano, por apenas três dias, devido a uma grande nevasca, fenômeno que não acontecia a 30 anos. Roma ficou sob neve e parada, não havia táxi, as lojas e restaurantes não abriam. Ficamos no hotel dois dias e resolvemos voltar para o Brasil, pois seria uma loucura ir para Toscana naquelas condições climáticas.
(Estas fotos abaixo, foram tiradas em Fevereiro de 2012, quando estávamos em Roma em pleno inverno)

Na manhã seguinte partimos de avião para Napoli. Pegamos um táxi e fomos para Torre Del Greco, onde seria realizado o casamento, muito perto de uma cidade da outra. Nosso hotel era simples, mas muito agradável.
Fomos descansar e marcamos de sair para um lugar paradisíaco próximo. Essa era a informação que tínhamos, mas andamos muito e chegamos á costa Amalfitana. O nome do local não vou divulgar, a pedido, pois tudo que os moradores locais desejam é a mesma qualidade de vida e privacidade. Realmente eles têm razão, pois somente quem conhece é aquele que tem barco ou mora próximo

De lá avista se o Mar Mediterrâneo, com um azul inconfundível. Sobre as pedras, pequenos espaços para tomar sol e um belo restaurante, onde já havia uma reserva, pois estávamos em 25 pessoas. Foi um verdadeiro absurdo o que bebemos e comemos. A proposta era mostrar a nós, tudo que havia de melhor e assim foi: o início foi com pão e azeite, mozzarella de búfala, folhas de abóbora recheada com queijo e presunto frito (na região napolitana come-se muita fritura, todas as entradas são frituras), pasta com Zuquini, em especial e, para finalizar, um maravilhoso peixe do Mediterrâneo chamado “spigola” que tem tamanho pequeno e de sabor muito delicado. A carne, muito branca e macia, feita na crosta de sal grosso e, para comer, colocar azeite italiano, é claro.

De sobremesa, serviram um prato com diversos doces: tiramissu, creme de pistache, creme de limão, chocolate (parecido com um petit gateaux), depois, um enorme bolo de aniversário, uma vez que comemorávamos o aniversario do padrasto da noiva.
Para beber, começamos com vinho branco, depois vinho branco com pêssegos, Limoncello e Prosecco.
A festa foi muito grande. Chegou um barco enorme com alguns russos, que também haviam reservado mesas. Depois de um certo tempo, mandamos um pedaço de bolo para eles e ai a festa foi maior ainda, pois para nos retribuir, deram mais Prossecco e ai as mesas se juntaram, colocaram músicas brasileiras (Ai se eu te pego) essa todo mundo conhece e até os funcionários do restaurante e os garçons começaram a dançar. Divertimos-nos muito.
À noite, sabíamos que haveria outro convite do pai do noivo, mas desmaiamos e nem ouvimos nos chamar. Para ajudar o nosso telefone estava quebrado. Soubemos que a “orgia gastronômica” continuou.
Comemos uma salada e fomos nos arrumar.

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Às 18h, havia um ônibus para nos levar, mas atrasamos. As roupas exigidas eram: curto, para as mulheres e terno cinza chumbo ou marinho, para os homens.

Novamente a gastronomia exagerada: uma enorme mesa com frios, queijos, pães e tortas, outra, onde se servia pequenos peixinhos fritos e legumes fritos. Iniciamos em um jardim, com aperitivos, frituras e bebidas.
Quando a noiva chegou deslumbrante, entramos para a beira da piscina onde estava previsto o jantar, mas neste momento caiu uma tempestade. Estávamos embaixo de uns ombrelones grandes, e o buffet foi de uma sutileza tremenda: retiraram as flores, toalhas e pratos e transferiram a festa para um salão fechado. Havia um conjunto tocando e cantando músicas italianas e brasileiras. Na mesa, já estavam garrafas de água e vinho, para os convidados sentir-se à vontade, uma trouxinha frita, onde dentro havia um macarrão, uma pasta ao molho vermelho e, para finalizar, um delicioso peixe com ervas. Após os salgados, veio um pequeno doce. Acreditamos que havia encerrado, mas nos informaram que havia mais uma mesa de doces, todos italianos em forma de tortas. Experimentar tudo, seria como comer um grande prato de doces. Após os doces, chegou a grande hora: o do bolo. Quando fomos embora, recebemos uma lembrancinha: um saleiro, em forma de infinito.

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A tradição na região napolitana é fazer as festas de casamento no horário do almoço, aproximadamente às 11h. Faz-se o casamento religioso, os convidados vão para o local da festa e os noivos saem para a costa Amalfitana para fazer fotos, ficando até quatro horas. Enquanto isso, os convidados bebem e comem pequenas frituras. Depois vem o almoço, que sempre é uma orgia gastronômica e encerram a noite, que se torna longa e muito divertida.

Casamento Napolitano - Valéria Foz

Como o casamento que fomos era divido em brasileiro e italiano, houve um mix de tradições. Para nós, foi uma surpresa, pois não esperávamos, de repente, uma marionete entrar e fazer uma apologia sobre o casamento. A língua falada foi o dialeto que, mesmo os italianos tiveram problemas em entender o que se falou. Soubemos depois, pelo pai da noiva que o personagem é o Pirandelo, uma tradição de 600 anos, que anda por toda Itália e o mundo. Foi interessante, porém muito longo. A festa deu uma parada.

Em seguida, entrou um trio de violas italianas, que também faz parte da tradição que colocou todos de pé novamente com músicas como a Tarantela e outras em dialeto italiano, desconhecidas, mas muito animadas.

A grande diferença, na minha opinião, entre as festas brasileira e italiana, é que no Brasil nos preocupamos com milhões de detalhes: cenários, luzes, músicas, flores, roupas, etc. Gastamos uma montanha de dinheiro para uma cena de casamento e na Itália, as únicas preocupações são: comida e bebida, que precisam ser muita e da melhor qualidade, e a alegria e diversão, sem dúvida, mais verdadeira que as nossas maravilhosas festas. Para a volta, havia um ônibus às 24h e outros às 3h, após a boite que os aguardavam. Fomos no ônibus das 24h.

Todos dançam.

O dia seguinte, conforme havia programado, foi para curar a ressaca. Descemos para tomar o café, conversamos com alguns amigos que haviam descido. A chuva continuava para nos animar a dormir o dia todo. À noite, para encerrar nossa passagem, fomos à Pizzaria New Yok. Arrumar lugar para as 25 pessoas foi difícil. Serviram-nos as entradas tradicionais como tudo frito até mesmo a pizza, um frango assado e três tipos de pizza: pomodoro, mozzarella e mozzarella com alcachofra, vinho tinto, sobremesa, Limoncello e outros licores.

Decoração do mesmo casamento no Brasil.
Durante o jantar, um amigo perguntou ao italiano: na Itália quem são os discriminados? E ele: Nós. Quando se vê, gente vendendo no farol, na praia ou em qualquer outro lugar, somos nós, os napolitanos, pois se podemos fazer, porque deixar para os outros?
Somos mais pretos, mais rústicos e mais grossos, por isso, podemos fazer.

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