Anatólia Central, na Capadócia

Um dos lugares mais exóticos e diferentes que já vi. Quando chegamos, precisamos parar uns minutos para absorver tudo que víamos. Os passeios clássicos são: de balão e visitas ao museu aberto e à cidade subterrânea.

A Capadócia fica em uma área de formações vulcânicas petrificadas, chamada de “tufa”, onde se vê pedras com três cores. Isso porque, enquanto lava, possui alguns minerais e, ao endurecer, se transformam em três tipos de pedras sendo que as pretas são mais duras. Elas formam as chamadas “chaminés das fadas” num processo lento de erosão que levaram as partes moles ficando apenas as mais duras que se tornaram estruturas para as escavações feitas pelos Hititas (primeiras civilizações). A denominação “chaminés das fadas” é porque os primeiros habitantes acreditavam que em baixo, moravam fadas e estas eram as chaminés de suas casas. A área ocupada é de apenas 300km², localizada entre Nevsehir, Urgup e Gereme. A lava vulcânica faz com que o solo torna-se fértil e favorece o cultivo do damasco, uva, cereja, beterraba e grão de bico.

Museum Hotel Capadócia
Museum Hotel Capadócia

As cavernas são patrimônios da Unesco, portanto, inabitadas. A permissão é apenas para a exploração turística. Algumas cavernas próximas à cidade, como é o caso do hotel onde nos hospedamos, Museum Hotel, podem ser restauradas para o turismo mediante autorização. O Hotel, instalado dentro de uma escavação, tem um pequeno museu com peças e tapetes que foram encontrados durante a retirada da terra, é luxuosamente decorado e confortável. O serviço de café da manhã, como os demais atendimentos, é impecável feito por muitos funcionários mesmo em baixa temporada.
É emocionante estar hospedado em uma caverna onde moraram civilizações exploradoras a milhares de anos. Tivemos a oportunidade de ver o Vale das Chaminés das Fadas. É impressionante a imagem, pois parece que foram colocadas pedras quadradas sobre colunas, dando a impressão de um chapéu. Neste local, vê-se claramente a caverna onde morou São Simão. Lá tem sua inscrição em forma de cruz. Dá para subir escalando por dentro.

No interior dessas “chaminés”, existem muitas igrejas feitas pelos católicos que ficavam escondidos devido à perseguição que ocorria naquela época. Os afrescos das igrejas são ícones de santos ortodoxos pintadas nas pedras já que as primeiras civilizações não sabiam ler e escrever. A linguagem era por meio das pinturas com pigmentos. Porém, como as pedras eram porosas e soltavam pedaços com facilidade, as pinturas ficavam danificadas, então começaram a ser usadas claras dos ovos das pombas que, misturadas ao pigmento e areia, formavam uma liga com luminosidade (esta técnica foi usada nas pinturas da Idade Média).
Ainda nas cavernas, dá para ver uma nova fase na vida dos povos que as habitavam. Entre 726 até 853 dC, os povos deixam de acreditar nos ícones e os destroem, pois acreditavam que estariam libertando suas almas. Nessas obras, já danificadas e marcadas, os povos desenharam símbolos, como peixe que representava Jesus e galinhas e baratas que representavam Judas.

Fica aqui uma observação: sabemos que todas as coisas estão sujeitos a ação do tempo e alguns pedaços podem até cair, mas existem locais onde passamos, pisamos e alguns tocam com as mãos que deveriam ser protegidos com vidro.
Ver a Capadócia no inverno (de setembro a março) da uma impressão mais exótica, porque, além das pedras, tem a neve que reveste tudo, criando uma impressão mágica.

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