Emoções da vida no campo

O tratorista do Hotel Fazenda Foz do Marinheiro esperava-me, logo pela manhã, com um imenso sorriso nos lábios, um sorriso daqueles que damos quando estamos satisfeitos e vitoriosos.

– Dona Valéria, os ovos estão piando.

– Como assim, “Alicate”? (o apelido do tratorista)

– Amanhã os pintinhos irão nascer.

Sua certeza era incontestável.

Dito e feito.

Esta manhã, eu já pronta para o pilates que faço todos os dias, vejo o Alicate novamente, com uma felicidade ainda maior ao dar-me a notícia.

Nasceram, estão nascendo imediatamente. Fui para a nossa fazendinha, onde temos uma mostra de cada bichinho para que as crianças vejam e tenham o contato direto em alimentá-los e participar da vida destes animaizinhos.

Atrás vieram as famílias que aqui estão hospedadas.

Esta criançada vem das cidades e, nos períodos de férias, muitos são da capital.

Confesso que fiquei mais uma vez emocionada em ver a emoção no rosto de todos que estavam ali acompanhando o compassar do picar e quebrar a casca do ovo que inicia com um pequeno furo e vai se abrindo lentamente de milímetro em milímetro entre um pio, um respirar fundo para pressionar o ovo que ajuda a quebrar a casca.

Primeiro vemos o bico, depois o corpo, os pezinhos aparecem enrolados num pompom molhado de penas amarelas.

Pronto, eclode o ovo e liberta o pintinho, que busca o equilíbrio no calor da chocadeira.

É lindo, é uma emoção sem fim assistir ao surgimento da vida, a transformação tão exata e precisa do ovo da galinha.

As crianças vibram, os pais agradecem e se espantam com a distância que temos entre o natural, o simples, o exato e a convivência na era digital que vivemos hoje.

Para o Alicate, após 22 dias, ele consegue ouvir o piar dos pintinhos no aviso do nascimento. Para os turistas, a emoção que jamais será esquecida.

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