Copenhague. Dinamarca

Começamos nossa volta. Este voo poderia ter sido feito com conexão em Zurique ou Viena, mas como a ideia é aproveitar ao máximo e conhecer novos lugares e havia a possibilidade de pararmos em Copenhague, claro que optamos por essa alternativa e, assim, acrescentamos quatro dias em I Pod Dezembro de 2013 447nossa viagem, conhecendo mais um país, mais uma

Vista da janela para a cidade
Vista da janela para a cidade

cidade, mais um povo e seus costumes.

A saída de San Petersburgo foi estressante. Estávamos com quatro malas, uma leve e as outras com alguns quilos a mais. Obrigaram-me a deixá-las cada uma com 22 quilos, quando o normal para Business Class é 32. Não foi fácil, já que tínhamos uma mala dentro da outra, mas rapidamente as reorganizei. Acredito que os agentes queriam propina. A subida ao avião também foi confusa. Pode ser que, por estarmos muito cansados, ficamos mais estressados do que o normal. O voo de uma hora e meia foi tranquilo, com almoço completo servido rapidamente devido ao pouco tempo de viagem.
O movimento do aeroporto de Copenhague estava calmo, completamente diferente. Não tínhamos transfer e pegamos um taxi com muita tranquilidade. O hotel que íamos ficar, o Marriot, depois do palácio que estávamos, tinha tudo para dar errado. Começou pela recepção lotada por causa de um evento. Continuei com o pensamento: não vai dar certo!

Quando abri a porta do nosso apartamento, percebi que não como pensei. As janelas totalmente envidraçadas com vista para um canal navegável, o mar ao fundo e à cidade maravilhosa.

Como estamos cansados, sentamos em frente à janela, fizemos um piquenique e fomos dormir. Ganhamos duas horas no fuso horário que os nossos corpos agradeceram.Acordamos às 7h, abrimos a janela e o sol estava nascendo na nossa frente. Que maravilha, que lindo! Tomamos café, não pode ser comparado ao de Saint Petersburg, mas estava bom principalmente pela vista do canal.

Pudemos perceber que as pessoas acordam cedo, fazem seu esporte em decks em madeira que passam dentro do canal num desenho admirável. A cidade é plana e tranquila e tem muitas bicicletas usadas como único meio de transporte.

Tínhamos um passeio às 9h, mas nos esqueceram. Aguardamos no hall do hotel o próximo ônibus do city tour, como aquele de Berlim, que se compra o ticket e pode utilizar por 24 horas passando pelos pontos turísticos da cidade.

O primeiro local a ser visitado foi a Cervejaria Carlsberg (1847). Hoje a fábrica está fora da cidade e o prédio onde começou tudo foi transformado no Museu Carls com mostras de artes e a maior coleção de garrafas de cerveja do mundo. Além disso, o visitante conhece como se produz a cerveja, com direito a degustação. A Carlsberg é um símbolo dinamarquês.

Seguimos para o Parque Infantil Tivoli, já enfeitado para o Halloween, com mil e uma abóboras, já que estamos em outubro, ainda com flores e as árvores cada dia mais vermelhas. O parque foi inaugurado em 1843, é um dos mais antigos e tradicionais parques de diversões do mundo e inspirou Walt Disney a criar a Disneylândia. Na verdade, é um pequeno parque temático dentro da cidade, aonde adultos e crianças vão passar o dia, muitas vezes, sem entrar num único brinquedo, mas para tomar lanche ou ter um dia feliz.

Conforme história contada por um dinamarquês “um senhor com hábitos exóticos se enriqueceu muito rápido e doou o parque para a cidade. Desta forma ficou conhecido e famoso. Com cerca de 70 anos casou-se com uma bela moça. Morreu e deixou toda a fortuna para ela. Deslumbrada com acabou com a toda a fortuna. Casou-se com um advogado, mas no período que não tinha mais dinheiro. Ficou só a história e suas doações”.

O frio é bem diferente daquele que passamos na Rússia. Aqui, ao lado do mar Báltico, o vento é intenso e a sensação térmica é de muito frio. E eles aproveitam para gerar energia. Os aerólitos estão por toda a parte, inclusive chegando ao aeroporto vimos uma linha desses equipamentos dentro do mar. Anteriormente era local dos moinhos de vento.

Quando falamos sobre a Dinamarca, normalmente nos referimos à Jutlândia, Selândia, Fiônia e às ilhas espraiadas nas águas dinamarquesas. Porém, as Ilhas Faroe, no Atlântico Norte, e a Groenlândia, que faz parte do continente norte-americano, também pertencem à Dinamarca, mas têm governo autônomo. O país é agrícola, com especialidade no plantio de árvores.

Logo na chegada ao aeroporto observamos a beleza e a quantidade dos trabalhos em madeira como tetos, pisos e decks. Não sabíamos desta atividade, mas com certeza eles aproveitam muito bem o que plantam. O petróleo e gás natural fazem parte das atividades econômicas da Dinamarca. Os países desta região, sendo muito frios, levam as pessoas ao álcool e ao fumo, por isso, há uma preocupação com a saúde pública. O governo subsidia a saúde e os hospitais são maravilhosos, 40% do salário vão para pagar os impostos, porém a população não reclama porque tem retorno dos tributos.

A licença maternidade é de um ano para as mães e seis meses para os pais. Eles têm, como lição em casa e nas escolas, o aprendizado doméstico e artesanal, como costura, cozinha e faxinas. As obrigações domésticas são divididas entre o casal e existe uma preocupação do governo em estimular esse sistema familiar.

O trabalho é por cumprimento de metas sem horário para entrar, mas tem para sair. A prioridade do governo é os idosos já que o costume é de que os filhos saem de casa aos 17 ou 18 anos sem ajuda da família. Isso estimula o casamento precoce e a separação familiar. O governo concede um benefício de dois mil euros por cada jovem que esteja estudando. A escola infantil é gratuita e os bebês vão muito cedo para as escolinhas para que os pais possam trabalhar e estudar.

Hoje o contato com os avós é mínimo e existe um programa para estimular a aproximação, pois o governo é responsável pelos idosos que não tem família. As crianças crescem sem os laços afetivos dos avós e chegaram a conclusão que isto é bom. O dinamarquês é, com certeza, o povo mais feliz do mundo, porém não expressa a felicidade com abraços e beijinhos. Tem uma filosofia que adorei: “vivemos até morrer”.

Copenhague tem uma arquiteta uniforme com as construções com tijolinhos a vista e os prédios têm, no máximo, quatro andares, no estilo renascentista. A cidade recebe 300 mil turistas ao ano e se prepara para muito mais, pois se encontra em obras de infraestrutura, inclusive fibra ótica e nova telefonia.

Uma visita imperdível é o Museu Kunst (1886) com mais de 250 mil peças distribuídas entre pinturas, obras em papel e estatuária, compondo um amplo panorama da arte ocidental desde o Renascimento até a contemporaneidade, com algumas obras ainda mais antigas. Recentemente o Museu foi fundido com a Biblioteca Nacional de Arte.

Em frente ao Castelo tem alguns blocos de uma construção de vivenda que do século 18. Antigamente existia uma preocupação com o bem estar dos que trabalham e, neste caso, as vivendas eram para os marinheiros. Observei que o urbanismo é perfeito e harmonioso. Hoje está reurbanizado e se tornou um dos locais mais caros da cidade, bem cuidado e planejado, conservando as características do século 17. O Castelo e a cidade tinha uma muralha para defender-se da Suécia que está resumido a um pequeno pedaço que pode ser visto.

Em frente ao porto, temos estátua da “Pequena Sereia”, doada pelo proprietário da Cervejaria Carlsberg. O artista a convidou para pousar, mas quando teve que mostrar o peito desistiu e o corpo da escultura é da esposa do artista. Conforme a história, é que a “Pequena Sereia” contempla o mar a espera de seu príncipe azul ou encantado que nunca chega. Cortaram–lhe a cabeça e as mãos e ainda a jogaram no mar. Hoje está sobre uma pedra contemplando o cais e encantando milhões de turistas.

O porto tem muitos veleiros e o vento é intenso. O cais recebe 930 cruzeiros ao ano com isso, há obras de reurbanização, pois as suas funções estão mudando, devido ao grande fluxo turístico.

 

DICA: Não tínhamos ideia que a Suécia era tão perto da Dinamarca. Basta pegar um trem, percorrer 54 km, depois viajar pelo ferry boat por 30 minutos. Dá para se ver a Suécia da ponta da ilha da Dinamarca.

 

Passamos na Casa dos Olhos Azuis, símbolo da Maersk, maior empresa marítima da Dinamarca. A sua logomarca é uma estrela de sete pontas, significando que podem navegar pelos sete mares nos sete dias da semana. A Maersk tem o maior edifício bem moderno todo com vidros azuis, parecendo cristal.

Na Casa da Ópera são 14 pisos, sendo cinco embaixo do mar. É um edifício construído em mármore de Carrara e tem um gigantesco lustre de madeira e teto onde as apresentações acontecem com frequência.

Passamos pela Fonte da Deusa Gefion que tem uma escultura de uma mulher com quatro bois puxando uma biga. Segundo a lenda, o rei sueco Gylfi prometeu a Gefjun todo território que ela pudesse arar em uma noite. Ela transformou seus quatro filhos em bois e a área que conseguiu ficava entre a Suécia e a Ilha de Fyn, na Dinamarca. O buraco deixado por esse pedaço de terra se tornou um lago chamado de Vänern

Em frente à estátua fica o Museu da Mitologia que lembra a vitória da Dinamarca contra os nazistas em 1945. As relações da Dinamarca com a Alemanha eram muito boas, com isso, os alemães entram em Copenhague e tomaram a cidade. Os dinamarqueses acreditavam que estavam apenas fazendo uma parada. Depois de quatro horas, a cidade estava tomada e o povo que trabalhar muito para Hitler. Quando a guerra terminou, os dinamarqueses fizeram que os alemães voltassem a pé para a Alemanha. Adoro essas histórias contadas pelos moradores.

Passamos pelo Palácio de Amalienborg, a residência de inverno da Família Real dinamarquesa, a poucas quadras a pé da Praça do Rei (Kongens Nytorv). Composta de quatro grandes palácios em uma praça. É frequente ver príncipes e princesas entrando e saindo de carro, e pode ser que você veja até mesmo a rainha. Ela tem apenas a obrigação de colocar o país em evidência e servir de motivo turístico. A rainha não tem poder, o parlamento quem decide tudo. A Dinamarca é a monarquia mais antiga do mundo.

A Catedral de Copenhague, que é a Igreja de Nossa Senhora, está ao lado do palácio. É maravilhosa por ser toda em mármores com enorme cúpula de cobre. Vale a pena ser visitada. Já sediou muitos eventos da realeza, inclusive o casamento do príncipe herdeiro.

Neste complexo acontece todos os dias a troca da guarda às 12h30. Quando a rainha está no palácio, a bandeira é hasteada e durante a troca tem música. Os guardas usam uniformes impecáveis com um enorme chapéu que pesa cerca de 50 quilos. Aproveite e tire uma foto com os Guardas Reais.

O passeio sai de Nyhavn, o famoso porto reformado, é o cartão postal da cidade com suas casinhas coloridas, que abrigam restaurantes e bares com mesas nas calçadas. Deste local, saem as lanchas que fazem passeios pelos canais da cidade. Durante a viagem são contadas histórias da região aos turistas. É o bairro mais antigo de Copenhage e até a década de 80 tinha uma má reputa. Depois da reurbanização recebe diariamente milhares de turistas e pessoas para verem a movimentação do canal com muitos barcos de pesca.

DICAS: Devemos sempre fazer primeiramente o city tour para ter uma ideia completa da cidade. Desta forma a organização dos passeio ficar mais fácil e aproveitamos mais.

 

O Wilson desceu do ônibus, sem prévio aviso. Acabamos passando por um lugares sem atrativos e ficamos no frio por uma hora. Meus dedos congelaram. É preciso agasalhos pesados. Vindo para cá esteja preparado.

Continuando o passeio conhecemos o Banco Nacional da Dinamarca, onde se imprime as cédulas e moedas do país. A Igreja Holmes Kirke é onde casou a Rainha Margarete I. Passamos também pelo Borsen, prédio da Bolsa de Valores construído no século 7 que tem no alto da sua torre quatro caudas entrelaçadas de dragões. De longe, percebe-se uma torre em espiral de quase 56m. Neste edifício, antigamente cada comerciante tinha uma porta, são 20 ao todo. A água chegava muito próximo do local facilitando, assim, o transporte de mercadorias por navios.

Passamos pelo Castelo de Christiansborg, hoje lar do parlamento dinamarquês, a Corte Suprema e as Salas de Estado. Se você escolher a excursão da tarde, você passará pelos jardins ‘secretos’ do Palácio de Christiansborg, para admirar sua beleza e tranquilidade. O palácio está localizado numa pequena ilha e separado do centro da cidade por um canal em forma de fosso.

O Hotel Radisson fica nessa região e bem localizado, com vista para a cidade. Em Copenhague há Lego Store, com 900 milhões de formas diferentes para crianças e adultos brincarem.

Paramos no ponto inicial do ônibus e questionei o chofer sobre alguma degustação de cerveja. Estávamos exatamente a uma quadra de um pub onde fazem cervejas a sete anos. Claro que fizemos uma degustação deliciosa com a Vesterbro Bryghus. Os pubs aqui não belíssimos, mas ganham dos da Inglaterra em beleza. Acabamos almoçando na cervejaria. O menu foi: peixe a milanesa, frango num molho branco com fatias de bacon, carne de porco com pimentas e molho acre-doce. O pão quente delicioso sempre com muita fibra e mais preto ou completamente preto. De sobremesa, um hish café.

Chegamos de nosso passeio e subimos uma sala privada que alguns apartamentos têm. Sentamos em frente ao painel de vidro que dá vista para a cidade e para o mar e lá ficamos. Estava na internet e escrevendo quando tive duas surpresas: uma porque perdi todas as notas escritas de meu IPad e outra que alguém entrou no meu face e disse tenho uma surpresa e vou levar em seu hotel.

Levei um susto, pois quando poderia imaginar alguém aqui na Dinamarca trazer alguma coisa para mim! Tentei descartar e já estava pensando em como barrar essa pessoa. Perguntei a ela de onde a conhecia. Ela pediu desculpas e disse que era filha de uns amigos de Votuporanga. Fiquei super feliz e continuamos a conversar. Em seguida ela apareceu no saguão do hotel. Lá estavam a Sarah, Sofie e o marido, que é dinamarquês.
Subimos para o lounge e foi uma noite muito rica. Conversamos até a madrugada sobre sua vida, como era viver em Copenhague e muitas outras coisas.

Viajar na era da internet é muito diferente. O primeiro é que você tem a certeza de saber onde está, e caso aconteça algo a família também sabe. Conforme publica notas no Facebook vai conhecendo pessoas e opiniões diferentes. É muito interessante.

Outra vantagem é o que aconteceu comigo: encontrar alguém num lugar distante de sua terra. Tivemos relatos desse tipo de acontecimento. Nessa viagem encontramos um grupo de amigos de infância que foram para Hvar passar o final de semana juntos com muita alegria.  E o que é mais importante é não perder o contato e continuar as conversas. É uma nova fase de viagens, podendo mandar fotos instantaneamente, abrir o Skype e visitando um museu junto com sua filha mesmo que ela esteja em outro país. Nada disso estraga a viagem. Só acrescenta. O difícil é quando um dos equipamentos tem problema e vc perde tudo como aconteceu comigo. Tive que comprar outro equipamento.

 

Sábado.

 

Ontem fui dormir feliz e ao mesmo tempo chateada com alguns acontecimentos da vida. Na verdade, só consegui dormir quando estava amanhecendo. Deixei um recado ao Wilson para não me chamar, pois não havia dormido e queria ficar no hotel. Porém ele me chamou para tomamos café, voltamos ao apartamento. Não tinha forças para sair. Por isso, quando estiver feliz saia, ria, corra e aproveite bastante a vida, porque quando esta triste nada e nenhum lugar são bons.

Depois de algum tempo resolvi sair. No período que estava meditando no apartamento fiquei olhando pela janela e fiquei surpresa com a transformação do lago. Foram colocadas plataformas na água e vários flutuantes e raias, porque nos finais de semana a cidade se prepara para os esportes. Ao término dos treinamentos ou campeonatos, as plataformas desaparecem.

Fomos a um parque onde vi aulas de yoga. Andamos bem devagar e entrando pela cidade observamos uma multidão nas ruas valorizando o sol, o sábado e a família. Na verdade, o passeio não me alegrou, mas de certa forma estava feliz em estar ali viva e podendo ter essa experiência.

Fomos em direção à igreja e ao palácio e chegamos numa rua de pedestre com muita gente, muitos bares e muitas crianças. Vi a igreja de Nikolaj e sugeri ao Wilson que tomasse um chope enquanto eu a visitava. Me surpreendi com uma igreja gótica onde tem trabalhos do fotógrafo Roger Ballen, cujas fotos tenho visto muito ultimamente. Fiquei emocionada com as obras  do artista e o relato que faz num pequeno filme  onde fala “meu trabalho é tentar mudar a mente das pessoas”. Fantástico.

Continuamos o passeio. Almoçamos no bairro do porto restaurado e fomos à Catedral e ao palácio, mas já estava tudo fechado, pois passava das 16 h. O dia aqui termina nesse horário e começa a vida em família. Voltamos ao hotel e fui tentar recuperar os arquivos perdidos. Fiquei umas duas horas com o suporte a Apple e deu certo.

Vou dormir melhor esta noite, apesar de ter resolvido apenas um  das questões que me preocupavam. Fui ao longe, pedi um aperitivo. Boa noite que amanhã tem mais.

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